Entenda as diferenças entre os distúrbios alimentares e identifique o problema



Segundo psicólogos, hábitos alimentares dos pais podem influenciar os filhos.

Entenda as diferenças entre os distúrbios alimentares e identifique o problema

Seja no verão, quando as dietas estão em alta, ou no resto do ano, casos de distúrbios alimentares como anorexia e bulimia infelizmente são bastante recorrentes. De acordo com a psicóloga Luciana Kotaka,“um dos fatores que tem contribuído para o aumentos dos transtornos alimentares é a cultura do corpo magro como bonito e sendo sinônimo de felicidade. Como a mídia vem propagando essa crença fica muito difícil mudar esses conceitos tão impregnados em nossa cultura”.

Possível em homens e mulheres de várias idades, os transtornos alimentares costumam se desenvolver devido a uma bagagem que começa a surgir desde cedo. “A tendência é que os filhos vejam os pais como modelos. Se um dos pais tem mania de dieta ou come demais, o filho ou vai fazer igual ou o contrário. Desde a infância, as crianças fazem tudo igual aos pais ou o oposto. Então é importante criar bons hábitos alimentares desde cedo nos filhos”, orienta o psicólogo Paulo Tessarioli.

Diferencie os distúrbios

Muitas pessoas confundem as características dos dois distúrbios, o que pode inclusive dificultar o tratamento. Segundo Luciana Kotaka, “na anorexia nervosa estabelecem o peso ideal muito abaixo dos padrões saudáveis, e caminham em busca deste peso de forma agressiva, desenvolvendo formas variadas de controle sobre o apetite, pois valorizam a ideia de evitar alimentos que possam engordar, utilizando estratégias para não se alimentarem e não deixarem que seus pais percebam esse movimento. Vão perdendo peso gradativamente, e sentem-se no controle da situação.”

Na bulimia, por outro lado, os sintomas são bastante diferentes. “A pessoa ingere uma grande quantidade de comida em um curto período de tempo. Pode ingerir cerca de 2.000 a 5.000 calorias em cada episódio, vindo acompanhado pela sensação de completa perda de controle, com sentimentos de culpa e vergonha. Após esses episódios de compulsão são utilizados métodos compensatórios de purgação como: vômitos autoinduzidos, laxantes ou diuréticos, enemas, exercícios físicos extenuantes e jejuns prolongados”, explica.

Perceba o problema

É comum que as pessoas se preocupem, às vezes até de maneira exagerada, com o peso. Se esse comportamento passar dos limites, no entanto, é hora de prestar atenção. “O sinal mais comum da anorexia que podemos identificar é uma extrema preocupação com o peso corporal. Entretanto, hoje em dia, isso é um sintoma que muitos jovens e adultos apresentam. Ainda assim, é o primeiro indício e que deve iniciar mais observações para que se tenha certeza sobre o diagnóstico”, diz o nutricionista Thiago Siqueira.

Outro sinal destacado pelo nutricionista é a recusa em comer na frente de outras pessoas. “Quem possui a doença prefere se alimentar sozinho para que outros não notem o consumo radicalmente pequeno de alimentos. Na maioria dos casos, as pacientes que apresentam anorexia nervosa já possuem um histórico de outros problemas psicológicos que auxiliam na instalação e sustentação da anorexia.”

Os sinais, apesar de ajudarem a identificar os problemas, devem ser analisados com cuidado. O psicólogo Paulo Tessarioli alerta que nem sempre indicam a presença de distúrbios alimentares. “Se não tiver proximidade com a pessoa é muito difícil perceber. Não se alimentar na frente dos outros, por exemplo, pode ser um hábito de família, pois muitas pessoas tem uma cultura de fazer as refeições apenas na presença de pessoas com quem têm intimidade”.

Saiba tratar

 Do ponto de vista da nutrição, não se pode esquecer de que a pessoa está muito desnutrida, desidratada e, provavelmente, com vários outros problemas decorrentes da falta dos nutrientes. Assim, voltar a comer tudo de uma vez pode não fazer tão bem quanto parece. O nutricionista Thiago Siqueira faz questão de ressaltar é a importância da hidratação.

“Após os exames laboratoriais, o consumo adequado de vitaminas e minerais, mesmo que em forma de suplementação, é indicada, digo isso pois muitas vezes o volume gástrico reduzido que a anoréxica possui, impossibilita qualquer consumo adequado de vitaminas e minerais só pela alimentação padrão. Outro ponto é focar o consumo adequado de carboidratos, proteínas e gorduras, de acordo com as necessidades, de preferência usando alimentos e suplementos que possuem alta densidade calórica, ou seja, alimentos leves mas com grande quantidade calórica inserida”.

Quanto à parte psicológica, Paulo Tessarioli alerta que, enquanto a pessoa não admitir que tem um problema, fica muito difícil falar sobre ele. A abordagem do assunto deve ser delicada e feita por alguém com proximidade e intimidade. “O mais importante é a comunicação, para evitar que o transtorno se instale de forma que leve a pessoa a uma internação, por exemplo.”

Em um primeiro momento, o profissional não recomenda um psicólogo. Isso, porque a pessoa pode, por resistência ao tratamento, associar a imagem do profissional à loucura e se fechar ainda mais. "O importante mesmo é um profissional especializado. Aí vai do ideal para cada um.



Beatriz Coppi
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